Abaixo minha narrativa da participação no El Cruce 2016
El
Cruce 2016 um desafio nas Cordilheiras dos Andes
Estou
de volta em casa após o primeiro compromisso esportivo do ano,
estive em San Martin de Los Andes entre os dias 8 e 13 de fevereiro
disputando a 15ª edição do evento El Cruce de Los Andes, corrida
em montanha com aproximadamente 100 kms divididos em 3 etapas.
Cheguei
em San Martin como o atual campeão na categoria solo, minha meta era
manter o título para o Brasil porém já sabia que a tarefa não
seria fácil pois uma legião de europeus bem como os donos da casa
os argentinos tinham também o desejo pela vitória mas isso não me
desanimou uma vez que me sentia preparado para o desafio.
As
festividades começaram logo no dia 9 de fevereiro onde tivemos no
início da noite a abertura oficial do evento com apresentação de
uma banda de música local e o desfile das bandeiras nacionais que
representavam cerca de 30 países que estariam presente no evento, eu
fui o responsável por transportar a bandeira do Brasil em um momento
que me relembrou a vitória de 2015 e me deixou emocionado, passado
este momento foi hora de escutar atentamente as informações
técnicas de cada dia feita pelo organizador, detalhes importantes
que no final fazem toda diferença para o desenrolar da disputa, após
esta atividade fui para casa onde estava hospedado me concentrar para
o início da prova que aconteceu dia 10 de fevereiro com largada as
07:30 da manhã.
No
primeiro dia tivemos uma distância de 40 kms para percorrer, foi a
etapa mais longa das três programadas, apesar da larga distância a
velocidade foi um fator determinante para o primeiro terço da prova,
logo pegamos uma boa serra para “escalar” em seguida uma descida
veloz e técnica, neste momento já nos encontrávamos próximo do
quilômetro 21, consegui chegar neste ponto junto com os lideres,
estávamos em um pelotão com cerca de 8 atletas porém dai para
frente o ritmo voltou a subir logo o pelotão se fracionou e eu não
consegui me manter entre os ponteiros, terminei esta primeira etapa
na 6ª colocação geral porém perdi muito tempo para o italiano
Marco de Gaspari, apesar da diferença de tempo para o lider ainda
era possível tentar mudar o cenário, procurei descansar bastante e
focar no segundo dia.
Veio
o segundo dia, meus músculos apresentavam uma recuperação
satisfatória assim tive a certeza que estava em condições de
continuar na disputa, neste dia iriamos percorrer 28 quilômetros
porém seria um dia bem técnico principalmente nos primeiros 5
quilômetros onde fizemos várias entradas no Lago Lácar que tem seu
contorno tomado por pedras de todos os tamanhos e muitas árvores
caídas, larguei novamente junto dois primeiros e assim fomos
serpenteando as trilhas molhadas e técnicas, uma fila indiana se
formou e não demorou muito para novamente o pelotão se fracionar,
consegui correr junto de uma dupla de argentinos mas logo consegui
abrir vantagem sobre eles, novamente os lideres conseguiram se
distanciar, terminei esta etapa na 7ª colocação e já no
acampamento quando saiu a classificação com a soma dos dois dias
percebi que não seria possível conquistar o segundo título porém
visualizei a possibilidade de um pódio, eu me mantive 6ª colocação
geral e era o 3ª na minha categoria de idade, parece pouco para quem
havia sido campeão no ano anterior mas eu precisava de um estímulo
para continuar brigando por posições, estava cansado assim como
todos e no terceiro e último dia teríamos pela frente a etapa mais
difícil da prova, assim foquei na meta de não voltar para o Brasil
de mãos vazias e fui dormir com um único pensamento “quero um
pódio amanhã”.
O
terceiro dia foi marcada por uma mudança no clima, se nas etapas
anteriores tivemos muito calor este dia seria de ventos fortes e dia
nublado, foram 32 quilômetros de percurso com a subida de uma grande
montanha logo no começo da etapa este dia também foi o mais técnico
de todos, muitas pedras, terra de erupções de vulcão e cascalho
muito cascalho eu inclusive tive que fazer duas paradas para
“esvaziar” os tênis, nesta etapa muitos atletas que estavam bem
atrás na colocação geral deram suas caras, um enorme pelotão se
formou na escalada principal do dia em determinado momento da prova
eu estava muito atrás porém fui ganhando posições gradativamente
até encostar no argentino que poderia me tirar do pódio, Gustavo
Reyes, um atleta forte e conhecedor como poucos da técnica em
descida, ele conseguia abrir pequenas vantagens nos trechos técnicos
mas eu logo encostava novamente foi uma briga intensa nos últimos 10
quilômetros, eu tinha pouco mais de três minutos de vantagem sobre
ele sendo assim não poderia vacilar pois esta diferença em uma
prova de montanha e muito fácil de se eliminar, no final Gustavo
cruzou a linha de chegada em 7º geral e eu apenas 9 segundos dele em
8º, assim consegui me manter entre os 6 primeiros na classificação
geral e manter este pódio para o Brasil.
Representando
o Brasil na categoria elite feminina a atleta que também faz parte
da equipe que presento a Kailash Tem LAF Letícia Saltori foi vice
campeã geral.
Para
mim esta edição do El Cruce teve um nível técnico altíssimo onde
alguns dos melhores corredores de montanha do mundo estiveram
alinhados disputando posições passadas a passadas com nós atletas
amadores situações assim são importantes para um intercâmbio
positivo em prol de nossa evolução esportiva, eu voltei da
Argentina com a cabeça erguida pois sei que fiz o meu melhor ainda
que o meu melhor tenha sido apenas um 6º lugar, para terminar posso
dizer também que aprendi muito com esta edição e que em breve
terei condições de novamente medir forças com os melhores e quem
sabe até lá eu possa estar em uma posição ainda melhor.
Gostaria
de agradecer imensamente as mensagens positivas e vibrantes de todos
que torcem por mim, agradecer meus patrocinadores o Clube Dom Pedro
II, Unimed Conselheiro Lafaiete, CHB Equipamentos, Plastipel
Embalagens, Kailash, Tênis Skechers, Bem Natural em Grãos e aos
meios de comunicação pela ampla divulgação de meus resultados com
foco especial para esta edição do El Cruce de Los Andes.
Resultado
El Cruce 2016 categoria avançada: clique
aqui
Imagens
Pit Stop em Bariloche
Bariloche
Bariloche
Já em San Martin de Los Andes na retirada do kit junto com a equipe
Nº 1, tive a honra que carregar mais uma vez o número que representa
El Cruce sempre com homenagens para os países participantes
Porta bandeira, quanta honra
No final um pódio na categoria até 40 anos, dividi este pódio com o campeão geral o italiano Marco de Gaspari e o argentino Sergio Tracaman
Pode não parecer mas eu fiquei muito feliz com minha performance afinal fiquei entre os melhores, 6º geral
Percurso veloz do primeiro dia
Perto de cruzar a fronte entre Argentina e Chile
Uma das mais belas medalhas que já ganhei até hoje
Foi preciso concentração para não se distrair com a paisagem
Foto oficial da equipe durante um trote pré prova
QG do Team Kailash LAF em San Martin
Chegada após 3 dias e 100 kms de montanha
Nesta imagem com Marco de Gasperi e a espanhola Hoirana Kortazar, os mais rápidos do El Cruce 2016
Parabéns Rei das Montanhas vc merece showwww.
ResponderExcluirAbs
Jorge Cerqueira
www.jmaratona.com