sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

El Cruce 2016 mais uma disputa na Cordilheira dos Andes

 Abaixo minha narrativa da participação no El Cruce 2016 

El Cruce 2016 um desafio nas Cordilheiras dos Andes

Estou de volta em casa após o primeiro compromisso esportivo do ano, estive em San Martin de Los Andes entre os dias 8 e 13 de fevereiro disputando a 15ª edição do evento El Cruce de Los Andes, corrida em montanha com aproximadamente 100 kms divididos em 3 etapas.
Cheguei em San Martin como o atual campeão na categoria solo, minha meta era manter o título para o Brasil porém já sabia que a tarefa não seria fácil pois uma legião de europeus bem como os donos da casa os argentinos tinham também o desejo pela vitória mas isso não me desanimou uma vez que me sentia preparado para o desafio.
As festividades começaram logo no dia 9 de fevereiro onde tivemos no início da noite a abertura oficial do evento com apresentação de uma banda de música local e o desfile das bandeiras nacionais que representavam cerca de 30 países que estariam presente no evento, eu fui o responsável por transportar a bandeira do Brasil em um momento que me relembrou a vitória de 2015 e me deixou emocionado, passado este momento foi hora de escutar atentamente as informações técnicas de cada dia feita pelo organizador, detalhes importantes que no final fazem toda diferença para o desenrolar da disputa, após esta atividade fui para casa onde estava hospedado me concentrar para o início da prova que aconteceu dia 10 de fevereiro com largada as 07:30 da manhã.
No primeiro dia tivemos uma distância de 40 kms para percorrer, foi a etapa mais longa das três programadas, apesar da larga distância a velocidade foi um fator determinante para o primeiro terço da prova, logo pegamos uma boa serra para “escalar” em seguida uma descida veloz e técnica, neste momento já nos encontrávamos próximo do quilômetro 21, consegui chegar neste ponto junto com os lideres, estávamos em um pelotão com cerca de 8 atletas porém dai para frente o ritmo voltou a subir logo o pelotão se fracionou e eu não consegui me manter entre os ponteiros, terminei esta primeira etapa na 6ª colocação geral porém perdi muito tempo para o italiano Marco de Gaspari, apesar da diferença de tempo para o lider ainda era possível tentar mudar o cenário, procurei descansar bastante e focar no segundo dia.
Veio o segundo dia, meus músculos apresentavam uma recuperação satisfatória assim tive a certeza que estava em condições de continuar na disputa, neste dia iriamos percorrer 28 quilômetros porém seria um dia bem técnico principalmente nos primeiros 5 quilômetros onde fizemos várias entradas no Lago Lácar que tem seu contorno tomado por pedras de todos os tamanhos e muitas árvores caídas, larguei novamente junto dois primeiros e assim fomos serpenteando as trilhas molhadas e técnicas, uma fila indiana se formou e não demorou muito para novamente o pelotão se fracionar, consegui correr junto de uma dupla de argentinos mas logo consegui abrir vantagem sobre eles, novamente os lideres conseguiram se distanciar, terminei esta etapa na 7ª colocação e já no acampamento quando saiu a classificação com a soma dos dois dias percebi que não seria possível conquistar o segundo título porém visualizei a possibilidade de um pódio, eu me mantive 6ª colocação geral e era o 3ª na minha categoria de idade, parece pouco para quem havia sido campeão no ano anterior mas eu precisava de um estímulo para continuar brigando por posições, estava cansado assim como todos e no terceiro e último dia teríamos pela frente a etapa mais difícil da prova, assim foquei na meta de não voltar para o Brasil de mãos vazias e fui dormir com um único pensamento “quero um pódio amanhã”.
O terceiro dia foi marcada por uma mudança no clima, se nas etapas anteriores tivemos muito calor este dia seria de ventos fortes e dia nublado, foram 32 quilômetros de percurso com a subida de uma grande montanha logo no começo da etapa este dia também foi o mais técnico de todos, muitas pedras, terra de erupções de vulcão e cascalho muito cascalho eu inclusive tive que fazer duas paradas para “esvaziar” os tênis, nesta etapa muitos atletas que estavam bem atrás na colocação geral deram suas caras, um enorme pelotão se formou na escalada principal do dia em determinado momento da prova eu estava muito atrás porém fui ganhando posições gradativamente até encostar no argentino que poderia me tirar do pódio, Gustavo Reyes, um atleta forte e conhecedor como poucos da técnica em descida, ele conseguia abrir pequenas vantagens nos trechos técnicos mas eu logo encostava novamente foi uma briga intensa nos últimos 10 quilômetros, eu tinha pouco mais de três minutos de vantagem sobre ele sendo assim não poderia vacilar pois esta diferença em uma prova de montanha e muito fácil de se eliminar, no final Gustavo cruzou a linha de chegada em 7º geral e eu apenas 9 segundos dele em 8º, assim consegui me manter entre os 6 primeiros na classificação geral e manter este pódio para o Brasil.
Representando o Brasil na categoria elite feminina a atleta que também faz parte da equipe que presento a Kailash Tem LAF Letícia Saltori foi vice campeã geral.
Para mim esta edição do El Cruce teve um nível técnico altíssimo onde alguns dos melhores corredores de montanha do mundo estiveram alinhados disputando posições passadas a passadas com nós atletas amadores situações assim são importantes para um intercâmbio positivo em prol de nossa evolução esportiva, eu voltei da Argentina com a cabeça erguida pois sei que fiz o meu melhor ainda que o meu melhor tenha sido apenas um 6º lugar, para terminar posso dizer também que aprendi muito com esta edição e que em breve terei condições de novamente medir forças com os melhores e quem sabe até lá eu possa estar em uma posição ainda melhor.
Gostaria de agradecer imensamente as mensagens positivas e vibrantes de todos que torcem por mim, agradecer meus patrocinadores o Clube Dom Pedro II, Unimed Conselheiro Lafaiete, CHB Equipamentos, Plastipel Embalagens, Kailash, Tênis Skechers, Bem Natural em Grãos e aos meios de comunicação pela ampla divulgação de meus resultados com foco especial para esta edição do El Cruce de Los Andes.
Resultado El Cruce 2016 categoria avançada: clique aqui
Imagens  
 
Pit Stop em Bariloche
Bariloche
Bariloche
Já em San Martin de Los Andes na retirada do kit junto com a equipe
Nº 1, tive a honra que carregar mais uma vez o número que representa
El Cruce sempre com homenagens para os países participantes
Porta bandeira, quanta honra
No final um pódio na categoria até 40 anos, dividi este pódio com o campeão geral o italiano Marco de Gaspari e o argentino Sergio Tracaman
Pode não parecer mas eu fiquei muito feliz com minha performance afinal fiquei entre os melhores, 6º geral
Percurso veloz do primeiro dia
Perto de cruzar a fronte entre Argentina e Chile
Uma das mais belas medalhas que já ganhei até hoje
Foi preciso concentração para não se distrair com a paisagem 
Foto oficial da equipe durante um trote pré prova
QG do Team Kailash LAF em San Martin
Chegada após 3 dias e 100 kms de montanha

Nesta imagem com Marco de Gasperi e a espanhola Hoirana Kortazar, os mais rápidos do El Cruce 2016

Um comentário:

  1. Parabéns Rei das Montanhas vc merece showwww.
    Abs
    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.com

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